Mulheres da Minha Vida

Criei este blog, como complemento da comemoração dos meus 40 anos, que acontece este ano no dia 20 de setembro, aqui pretendo colocar os depoimentos de pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida de maneira especial. Desde o fim de 2009, venho me empenhando para reunir os depoimentos de 40 mulheres para colocar num livro e agora que os tenho, quero partilhá-los com outras pessoas também.

Talvez muitos dos meus amigos perguntem, assim como meus irmãos já me perguntaram, mas por que não os homens também?? A resposta é simples, estou num momento muito especial de minha vida. E a vida me foi dada por uma mulher, claro que com a contribuição de um homem, mas a minha mãe teve um papel fundamental neste processo e quero valorizar a mulher.

Sou mulher, negra e feliz por ter a oportunidade de ter chegado até aqui!

Tenho certeza que depois da criação do blog, outras me escreverão. E estes terão um registro aqui.

E talvez seja um incentivo para aquelas que não escreveram, ainda me encaminharem algo. O material ainda não está pronto e acabado, contribuam com fotos e outros meios criativos.

Mas seja rápida, pois senão vai ficar de fora da comemoração!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Conceição, uma história de etapas

Querida Ana, com muito prazer quero participar dos teus 40 anos bem vividos, assim acredito.

Como você, também vivi esta realidade de vida que muitas vezes não acreditamos que vai chegar, mas chegou.

Eu vivi as diversas etapas da minha vida e posso relatar como foi!

De criança até os 17 anos, trabalhei na agricultura, ou como muitos dizem “na roça”. Lá pude viver coisas maravilhosas e posso dizer que foi um período em que tracei toda a minha história, que depois foi se desenrolando como um rolo de papel onde eu ia escrevendo ou aperfeiçoando os acontecimentos. Não tive tantas surpresas, mas etapas. Sonhar eu sempre sonhei e na vida fui conquistando tudo aos poucos. Desse tempo até os 17 anos foi a fase do aproveitamento e do crescimento em todos os sentidos: brincar, estudar, participar da comunidade Nossa Senhora Aparecida, onde, desde os 11 anos, fazia parte da liturgia e do canto e onde fui catequista. Um período de boas amizades, muitos bailes e festas do padroeiro etc. Então fui para a cidade viver outra etapa, trabalhar no comércio. O primeiro emprego foi em uma papelaria, depois em uma loja de roupas, mais tarde em uma sapataria e confecção. Estudo, trabalho na comunidade, catequese, coral e liturgia em geral. Participei, ainda, do Catecumenato para adultos, um momento de convivência e experiência com a palavra de Deus que me fez crescer muito. Também fiz o ginásio e sempre querendo buscar mais. Foi então que, respondendo a um chamado de Deus, fui servi-lo diretamente na vida religiosa. Saí do estado do Paraná e vim para São Paulo, aos 20 anos de idade, aí fiz o estudo da vida religiosa, uma experiência que só pode ser avaliada por quem faz. Uma vida dedicada somente a Deus até os 32 anos.

Depois fui viver uma outra etapa de vida, com momentos de altos e baixos, só que com um objetivo traçado e lutando para conseguir. Uma coisa posso afirmar: tudo o que sonhei eu já consegui: aos 38 anos casei e com 40 anos estava grávida, uma fase sem explicação. Hoje estou com 54 anos e posso dizer, bem vividos. Tenho um filho maravilhoso THIAGO. Sou feliz e agradeço a Deus por tudo o que tenho recebido. Às vezes fico a pensar no amor infinito de Deus por mim e por todos .

Realmente esta é minha historia de vida!

Eu conheci a Ana Cláudia, mas não sei quando foi. Já tinha ouvido falar muito na sua pessoa e no seu trabalho com os jovens. Conheci-a como outra qualquer, sem grandes acontecimentos, porém, posso afirmar que minha admiração pela Ana é imensa

Uma pessoa fina, educada, dedicada, sempre querendo o bem do outro. Isto é qualidade.

Lúcia, uma história de perseverança

"Nasci em Pernanbuco, em uma família grande, somos nove filhos, e chegamos em SP quando eu tinha 8 anos. Nós éramos muito pobres, só tinha o básico e nossa carência era de tudo, tanto de comida, como de amor. Meus pais brigavam muito e vivi nesse ambiente até conhecer o meu marido. Namoramos dois anos e casamos em 1977.

É muito importante, nesse ponto, destacar que sempre pedi para o Senhor, nosso Deus, um marido maravilhoso e dizia que se não fosse assim, eu não queria. Pois bem, ele me mandou. Ele é o marido que sempre desejei. Tivemos três filhos maravilhosos e uma vida de altos e baixos, mas caminhando juntos, eu procurando fazer o meu marido feliz e ele a mim, como deve ser: um servindo ao outro e nós nos completando. Que benção, o casal vai sempre ter que lutar para superar todos os obstáculos, todas as barreiras juntos, mas venceremos, e no final a vitória chegará.

Sempre gostei de trabalhar manualmente, e por isso aprendi muitas coisas, entre elas a fabricar artigos religiosos católicos. Assim conheci a Ana Cláudia, através de um jovem da Pastoral da Juventude. Como ele sabia que eu confeccionava o que eles precisavam, ele me falou da Ana que fabricava, também, camisetas e outros produtos da PJ. Assim, um dia, fui até a casa da Ana. Nós nos conhecemos e eu me identifiquei muito com ela, uma pessoa muito dedicada e esforçada, amiga e leal, tira dela para os outros.

Quando a conheci, minha família estava passando por momentos muito difíceis, mas apareceu a Ana Cláudia que nos ajudou muito, comprando os nossos produtos. Nós falamos sempre em casa que a Ana foi um anjo na nossa vida, nós chamamos a Ana de Santa Ana, porque ela nos ajudou muito e nem sabe desta história.

Ana, você é a amiga que todo mundo gostaria de ter, amiga, sincera, leal, verdadeira; a filha que todo pai gostaria de ter, a filha maravilhosa, e amiga. Só posso dizer uma coisa: que você significa muito na minha vida, e na da minha família e que eu encontrei um tesouro que é a Ana Cláudia, uma pérola negra.

No ano que a Ana casou, nós fomos a uma caminhada da juventude, que sairia da Roseira e seguiria até Aparecida do Norte. Só que eu não sabia que era até Aparecida do Norte andando. Quando fiquei sabendo... nossa... eu queria matar a Ana Cláudia, porque nem ela sabia. Começou a caminhada naquela escuridão, andamos, andamos, veio o sono, nós passamos pelo deserto naquela noite, que cansaço. A Ana Cláudia andando e dormindo, e eu a segurando para que ela não caísse, quando eu a soltava, ela saía andando de lado parecendo caranguejo, e eu corria e a segurava. E assim, chegamos em Aparecida, todos cansados. Dormimos lá dentro da igreja, no chão, mortos de canseira. Seis horas de caminhada, que aventura... foi maravilho, valeu à pena a despedida de solteira da Ana Cláudia. Hoje eu dou risada dessa aventura. Essas lembranças vão ficar pra sempre em meu coração.

Beijos no seu coração amado". (Maria Lúcia S. Coelho)
Bodas de Prata Lúcia e Jorge

Bodas de Prata Lúcia,  Jorge e filhos

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Elisabeth, uma história de Willy Mc Namara

Uma história de duas cidades


Um viajante, ao se aproximar de uma cidade grande, perguntou a uma mulher sentada à beira da estrada:


_ Como são as pessoas nessa cidade?
_ Como são as pessoas no lugar de onde você vem?
- Uma gente horrível – respondeu o viajante.
- São pessoas egoístas, em quem não se pode confiar, detestáveis sob todos os aspectos.
_ Ah – disse a mulher -, você vai achar o mesmo tipo de gente por aqui.


O homem mal tinha se afastado quando outro viajante parou e fez à mulher a mesma pergunta curioso sobre os habitantes da cidade.


Mais uma vez, a mulher quis saber como eram os habitantes da cidade de onde vinha o homem.


_ Pessoas boas, honestas, trabalhadoras e compreensivas com os outros e com elas mesmas – repondeu o segundo viajante.


A sábia mulher retrucou:


_Pois é esse mesmo tipo de gente que você vai encontrar por aqui.

Willy Mc Namara

Mais uma vez quero lhe desejar muitas felicidades pela passagem do seu aniversário.

Você está entrando na melhor fase na vida da mulher, experiências e inseguranças ficam para trás surge a mulher segura e confiante, com planos maduros para o futuro. Esta data é só um símbolo, o processo nāo tem data fixa!

Você faz com que a gente goste de você!

Beijos,

Elisabeth

domingo, 19 de setembro de 2010

Adriana, uma história de "multiprocessamento"


Eu conheci a Ana na faculdade, fazíamos Administração de Empresas.
A Ana sempre muito ativa, mas não poderia ficar parada que logo caía no sono em plena aula.
Nos trabalhos em grupo estava sempre atenta.
Ficamos amigas e por vezes íamos à casa dela, onde éramos recebidas por seus pais, Dona Cida e Sr. Toninho, sempre de braços abertos.
Sua mãe é realmente simpaticíssima e alegre, eu a adoro.
Recordo-me de uma vez em que eu e o meu namorado fomos até lá em uma noite e ficamos comendo e jogando Imagem e Ação com uma grande turma até altas horas da madrugada, foi muuuuuito legal, divertidíssimo.
Em uma outra tarde, eu fui até a casa dela em um final de semana e conversei um pouco com ela. Logo em seguida ela ia para uma palestra de um candidato político que iria se apresentar e eu a acompanhei. Ficamos por lá e, posteriormente, mais conversas. Naquela época não existia celular, ao menos para mim, e quando cheguei em casa, muito tarde, havia um batalhão de pessoas me procurando.
Ficar com a Ana era assim, você não ficava parada, não ficava sem atividade e as horas passavam sem que nos déssemos conta.
A Ana gostava de estar envolvida com pessoas e falar, seja na política, religião ou em um grupo de amigos.
Boas lembranças eu guardo das aulas que matávamos para ir tomar sorvete ou ir a um barzinho.
Ana, você para mim é um exemplo de atividade infinita que para desligar precisa ser deixada quieta por algum tempo.
Você é fonte de vida e não sei de onde sai tanta energia e essa capacidade de “multiprocessamento” para enfrentar distintos desafios.
Parabéns pelo seu aniversário e sucessssssssso infinito!


Beijos,
Adriana Mattos.

Josiane, uma história de polícia

Sou Josiane, tenho 25 anos. Nasci em Marília, interior de São Paulo. Conheço a Cláudia desde pequena, pois vinha para São Paulo com meus pais quase todos os anos para passarmos as festas de fim de ano com a família. Fiquei um bom tempo sem vir para São Paulo, até que passei em um concurso público e tive que vir para a capital. Quando cheguei, não sabia nem onde eu estava... E fiquei por um tempo em Osasco, na casa da minha tia-madrinha, Cida, que, por sinal, é mãe da Cláudia.
Agradeço a toda essa família por ter me dado o apoio de que precisei. À Cláudia, em especial, porque nesse tempo, ela dividiu o quarto comigo. Lembro-me de que eu precisava de uma calça para começar a trabalhar, e ela pacientemente me acompanhou ao centro de Osasco e me ajudou a escolher uma calça... Pode ser uma coisa simples, mas me recordo disso com muito carinho.
Hoje moro sozinha. Trabalho e estou concluindo a Licenciatura em Educação Física. Às vezes penso em como foi a vida da Cal no tempo em que também morou sozinha, trabalhando e estudando...
Desejo-te muitas felicidades e que Deus continue te abençoando para que as suas forças não se acabem, pois sei que você é exemplo para muitas pessoas de mulher, pessoa, amiga, irmã, filha...
Super beijos.
Josi.

Elaine, uma história de direitos

Ana Cláudia,
Sabe, você nem mesmo deve se lembrar, mas me recordo de você desde a sétima série. Sempre fui estudiosa, mas você era a pessoa mais aplicada de que eu me lembro e não gostava de ajudas para tirar nota, além de sempre brigar por suas metas.
Para falar a verdade, naquela época eu era um pouco chata e insegura, tentava estar junto daquelas pessoas que, ao meu ver, eram importantes na escola. Acabamos nos distanciando, mas Graças a Deus, essa época passou e eu te reencontrei quando fomos trabalhar na Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo. Quero dizer que reencontrei, sim, pois, apesar de morarmos próximas, não tínhamos muito contato e quero deixar registrado que os anos que trabalhamos juntas foram muito importantes para mim.
Ana, você tem luz própria e ilumina aqueles que estão ao seu lado. O "Bira" diz que você é a pessoa mais inteligente e gentil que ele já conheceu, e eu reitero suas palavras; sabe, porque aquele que sabe não tem medo de ensinar, e você sempre dividiu seus conhecimentos com as pessoas ao seu lado. Vamos a um pouco de recordação.
Entramos na Ouvidoria  em oito de agosto do ano de mil novecentos e noventa e sete. Para dizer a verdade, não sabíamos o que seria. Caímos de pára-quedas no local, totalmente diferente daquilo que conhecíamos em termos de trabalho. Convivemos, então, diariamente por mais de três anos. Conhecemos pessoas maravilhosas, como a Débora que continua com muitos “alfes”, a Marcinha que agora é delegada de polícia no Estado do Maranhão, entre outros. Dividimos tristezas e alegrias. Foi lá que apreendemos muito sobre como as pessoas podem ser cruéis com o seu semelhante e como os “Órgãos de Direitos Humanos” nem sempre são humanos com aqueles que lhes prestam serviço. Lembra quando tivemos de nos esconder embaixo das mesas, pois um policial armado queria falar com o “Ouvidor”; ou quando o “cantor Daniel” foi até a Secretaria, o alvoroço das policiais; ou quando o lutador “Maguila” esteve no local para reclamar que havia apanhado de um policial. Você se lembra do mau humor do nosso Ouvidor, que só falava bom dia na parte da tarde? E do Dr. Maximiano, que tinha mania de arrumação? E do Coronel Bento, que chegava todas as manhãs suado depois de correr com um shorts que mais parecia biquíni? Da Rose, que sempre tinha um sorriso no rosto? Da Néia, que reclamava de tudo? (obs: ela casou com o Rodrigo e hoje trabalha na Cavalaria da PM). Ainda há o Bira, com seu vocabulário baiano (sangue de quiche, sangue de coam, entre outras palavras esquisitas), a Débora, com seus muitos namorados, a Maria Isabel de Oliveira Panaro com o seu “bem”, a Márcia Santos com todas as suas manias, a Elô, com sua educação, a Romana, que sempre estava cansada. São muitas histórias. Nossas viagens nos trem da CPTM ficaram na história. Enquanto eu conversava com quem estivesse do lado, você muitas vezes dormia em pé.
Não tenho o seu dom de escrever, acho que sou melhor falando do que colocando no papel tudo aquilo que vivemos naquele período. Não sei o formato de seu livro, mas de antemão, sei que será um sucesso. Se você quiser que eu complemente qualquer história sobre a Ouvidoria, é só pedir.
Ana, um grande beijo e desculpa o atraso, pois essa sou eu, sempre adiando.

Karina, uma história de saudade


Penso em você quase todos os dias. Penso em te escrever, em contar minha história. Mas a vida da gente é uma loucura tão grande, que às vezes tenho vontade de sumir para beeem longe, para um lugar calmo e tranquilo, onde eu consiga pensar na minha vida e nas coisas que realmente importam.

Eu tenho me lembrado muito de você, especialmente, porque eu estou trabalhando na Raposo Tavares, que, por coincidência, fica do lado da Paulus. E, toda vez que venho trabalhar, fico relembrando várias histórias, aventuras que tivemos. Não tem como não lembrar (você vê que coincidência? Vim trabalhar bem aqui do ladinho do lugar onde participamos do DNJ – dia Nacional da Juventude, por tantos anos. Como o mundo dá voltas, não?)
E também, porque, às vezes, vou pegar o ônibus para voltar para casa em Cotia e me lembro das reuniões de que participamos, do ginásio onde também fizemos o DNJ, enfim, só recordações boas de tempos que não voltam mais...
Hoje, quando passo perto do centro de Cotia, vejo tanta gente, tanto carro, nem parece que é o mesmo lugar a que vínhamos há 10, 15 anos... muita coisa mudou, a cidade cresceu demais, e só restaram as lembranças e memórias de bons momentos..

Lembro-me também que havia uma escola, onde fizemos uma reunião, não me lembro bem o que era, mas foi de um dia inteiro, e essa escola era numa rua bem sossegada (em Cotia) e, quando estive lá, fiquei viajando, pensando em várias coisas. Hoje, quando pego o ônibus e passo em frente a essa escola, vêm à tona diversas  recordações. Mas, infelizmente, lá não é mais sossegado como antes, há muita correria, muita gente, muito carro, nem parece o mesmo lugar aonde fui há tantos anos...


Quando me lembro daquela época, me emociono, porque foi uma época muito gostosa, eu vivia para a PJ. No começo, nem trabalhava, depois começou a correria de trabalho, faculdade, mas mesmo assim continuei indo por mais um tempo... lembro-me de muita gente, com muito carinho, lembro-me de muita coisa mesmo... Me dá uma saudade, sabe.. pena que hoje muita coisa mudou, muita gente se foi, muita gente se distanciou, viajou, mudou, casou, enfim, outras etapas da vida. Até porque, a vida da gente é muito dinâmica. Todos precisamos dar valor aos pequenos momentos, porque eles passam rapidamente e quando nos damos conta, já estamos com 50 anos! rs

Lembra quando fomos para o Chile? Você tinha até feito aulas de espanhol para não passar vergonha. No final você ficou na casa de pessoas que falavam português, e eu fiquei numa casa onde ninguém falava um "a" da nossa língua. Sofri muito para me comunicar, mas foi engraçado. 
E foi graças a você que consegui ir, porque se não fosse a sua conversa com o bispo da época, eu nunca teria ido a essa viagem. Sou eternamente grata a você por isso! Até porque depois disso nunca mais fiz uma viagem internacional. Cheguei até a tirar visto para os EUA (a trabalho), mas nunca consegui ir. Ainda tenho vontade de viajar, de conhecer lugares novos, até porque já falo inglês e espanhol fluentemente, mas até agora não consegui sair do Brasil, mas um dia ainda vou chegar lá (e ainda vou te contar! rs)


Saudades gigantescasssssssssss!!!!

Obrigada por você existir na minha vida!!!! Você foi (e sempre será) uma pessoa muito especial para mim!!!

Karina Evangelista

Terezinha, uma história de acolhida

Primeiramente gostaria de agradecer e dizer que me sinto honrada pela oportunidade de fazer parte do seu livro, contando um pouco da minha história e de seu papel na minha vida.
Nasci em Marília, numa família humilde. Porém,  por ser a caçula de treze filhos, sempre fui muito mimada e paparicada  por todos. Graças  a Deus até meus 18 anos nunca me faltou nada. Dos 19 aos 25 anos, não sei se por destino ou por provação, passei por uma fase muito triste na minha vida, fase sobre a qual preferi passar uma borracha. Mas foi nessa época que tive a certeza de que Deus esteve sempre do meu lado me amparando e me protegendo.
Ao vir para São Paulo, fui morar em Osasco com meus irmãos, sendo muito bem acolhida por todos, em especial pela minha cunhada Cida (uma mãe/irmã), em cuja casa passei mais tempo. Cida é a mãe de minha sobrinha Claudia, famosa Tia Cal . Tia Cal sempre  tímida, mas muito carinhosa. Seu olhar me transmitia muita paz e serenidade, era o de que eu mais  precisava naquele momento. E sem entender o que estava acontecendo, me dizia: “Tia, vai dar tudo certo”.
Obrigada, Tia Cal, agradeço a Deus cada momento que passei com você.  Graças a Ele, logo consegui superar  aquela fase difícil.
E a Tia Cal foi crescendo em estatura, graça e inteligência, quão linda ficou essa menina, e que exemplo!!! Sempre estudando, trabalhando, lutando por seus objetivos  e dando muita alegria à família. Agora está casada, morando longe de nós e neste ano completando quarenta anos de vida.
Tia Cal, é uma honra poder fazer parte destas quarenta mulheres que fizeram parte da sua vida. Você foi e sempre será esta sobrinha querida, muito amada .  Beijo grande desta sua Tia que te ama muito.
 Terezinha
Terezinha, Gildo, Gabriel  e Maria Rosa (in memória)

Formatura Terezinha





Silvana, uma história de cunhada 2

Sou Silvana Lameu de Moura, nasci em Osasco, São Paulo, mas, atualmente, resido em Pouso Alegre, Minas Gerais. Nasci de uma família humilde, batalhadora. Meus pais eram analfabetos, mas souberam criar e educar seus filhos, orientando-os para o caminho do bem.
Conheci a Ana Claudia em mil novecentos e noventa e quatro, por causa do meu namoro com seu irmão Ricardo. Tivemos pouco contato, porque era muito difícil encontrá-la em casa. Estava sempre viajando, pois sua dedicação à PJ era muito grande. Sempre a admirei pelo empenho e pela dedicação e o carinho com que realizava suas tarefas religiosas, uma mulher determinada inteligente, comunicativa, batalhadora, pois só ela sabe o quanto sofreu para alcançar os seus objetivos.
Logo depois de meu casamento com seu irmão, nos mudamos para Minas Gerais. Por essa razão nos distanciamos ainda mais, porém, nas oportunidades em que nos encontrávamos, matávamos saudades. Via, ainda, uma tia zelosa, dedicada aos seus sobrinhos, sempre que podia os levava ao cinema e para passear em outros lugares.
Cláudia, hoje você se casou e está morando em outro País, ao lado do homem que Deus lhe enviou. Sei o quanto é difícil ficarmos longe das pessoas que amamos, mas a felicidade nem sempre é completa, sempre faltará algo para nos completar.
Continuo te admirando por sua ousadia e coragem. Desejo, minha cunhada, a você e ao seu esposo Ralf, muita paz, harmonia, compreensão e amor.
Um enorme abraço de sua cunhada Silvana.
Sou Silvana Lameu de Moura, nasci em Osasco, São Paulo, mas, atualmente, resido em Pouso  Alegre, Minas Gerais. Nasci de uma família humilde, batalhadora. Meus pais eram analfabetos, mas souberam criar e educar seus filhos, orientando-os para o caminho do bem.
Conheci a Ana Claudia em mil novecentos e noventa e quatro, por causa do meu namoro com seu irmão Ricardo. Tivemos pouco contato, porque era muito difícil encontrá-la em casa. Estava sempre viajando, pois sua dedicação à PJ era muito grande. Sempre a admirei pelo empenho e pela dedicação e o carinho com que realizava suas tarefas religiosas, uma mulher determinada inteligente, comunicativa, batalhadora, pois só ela sabe o quanto sofreu para alcançar os seus objetivos.
Logo depois de meu casamento com seu irmão, nos mudamos para Minas Gerais. Por essa razão nos distanciamos ainda mais, porém, nas oportunidades em que nos encontrávamos, matávamos saudades. Via, ainda, uma tia zelosa, dedicada aos seus sobrinhos, sempre que podia os levava ao cinema e para passear em outros lugares.
Cláudia, hoje você se casou e está morando em outro País, ao lado do homem que Deus lhe enviou. Sei o quanto é difícil ficarmos longe das pessoas que amamos, mas a felicidade nem sempre é completa, sempre faltará algo para nos completar.
Continuo te admirando por sua ousadia e coragem. Desejo, minha cunhada, a você e ao seu esposo Ralf, muita paz, harmonia,  compreensão e amor.
Um enorme abraço de sua cunhada Silvana.



BEIJOS

Marcia, uma história de comadre



Oi, Cal,

Pensei tanto no que escrever... E também não sei o que você quer ler, mas lá vai...
Nós nos conhecemos  há muitos anos dos nossos atuais quase quarenta anos. Devíamos ter por volta de dezessete anos, acho.
Lembro-me do grupo de jovens do PIC, e, depois, do grupo de jovens no Belmonte. Lembro-me das nossas intenções de ser freiras, nossas mesmo, porque éramos eu, você, a Mel e a Ana Lúcia. Mas isso não deu muito certo, não. Pelo menos não para nós.  O tempo, ao seu modo, nos mostrou caminhos diferentes.
Nós nos encontramos na PAJUPA, depois no PJ DIOCENO. Foram vários anos, e, com o passar do tempo você ficou mais centralizada na PJ, e eu fui para a catequese e para o Grupo de Rua. Assim, o tempo e as diferentes atividades nos distanciaram, mas sempre nos encontrávamos. O Pe. José, o Pe. Mário e o Pe. Tião, com certeza, sempre foram nossos grandes elos, e eles hoje também seguem caminhos diferentes e distantes de nós (em locais e até planos terrenos diferentes).
Mas um de nossos grandes encontros foi quando fiquei grávida da Ana Luíza. Nesse momento tive a sua grande mão amiga estendida e o forte abraço que me aconchegou. Jamais vou me esquecer de tudo o que você fez, e só DEUS poderá lhe pagar isso. MAS AMIGO É ISSO DAR SEM PEDIR NADA EM TROCA, ESTAR PRESENTE NOS MOMENTOS QUE MAIS PRECISAMOS DE APOIO . E VOCE É ASSIM PURA GENEROSIDADE.
Sei que somos muito diferentes, mas nunca brigamos. Nestes anos, nos mudamos muito, mas sempre que estivemos juntas, me diverti muito, fizemos mil loucuras, a vida era demais. Com saudades me recordo desses momentos. Você, aliás, continua procurando ideais e eu também. Nunca desistimos, sempre estamos procurando novas coisas. Agora você aí, num país distante, casada, longe de tudo e de todos e da sua família. Quem diria, pensei que nunca testemunharia isso. Mas, também, nunca achei que você não conseguiria se adaptar à nova vida. Afinal você sempre foi guerreira e sempre correu atrás dos seus ideais com muita garra.
Eu sou muito feliz de tê-la como amiga e comadre. Eu tenho muita satisfação em minha filha te conhecer e poder ver em você uma grande mulher guerreira, esse é o maior tesouro! Te adoro! Parabéns pelos quarenta anos: muito bom poder comemorarmos juntas, mesmo que seja você aí e nós aqui.
Muitos beijos

Márcia e Ana Luiza

Maria José (Silvia), uma história de alegrias

Meu pai morava em São Paulo quando conheceu minha mãe, em um almoço na casa de uma irmã dele, em Bom Jardim – Pernambuco, em 1970. Minha mãe achou-o meio desarrumado, mas mesmo assim, interessou-se por ele. Começaram a namorar em seguida. Meu pai voltou para São Paulo, mas isso não os impediu de noivarem. Em janeiro de 1973, casaram-se.

No dia posterior ao casamento, viajaram por três dias em um ônibus para São Paulo, mais especificamente para Cubatão. Lá chegando, foram morar na Vila Parisi, lugar pobre e muito poluído, que ficava a poucos metros das indústrias de lá. Começaram suas vidas de casado em um barraco simples, mas bem limpinho, pois minha mãe sempre gostou de muita limpeza e organização em casa. Três meses depois, ela engravidou de mim. Nesta época, nenhum parente dela morava em São Paulo, os pais e os 6 irmãos ficaram no Nordeste. Por isso, quando ele completou o oitavo mês de minha gestação, foi para Carpina/Pe, onde, nesta época, morava sua família, para que o meu nascimento acontecesse lá.

Quando ela chegou lá, informou que, se eu fosse menina, meu nome seria Sílvia, por causa da cantora da Jovem Guarda Silvinha – mulher do “meu carro é vermelho, não uso espelho pra me pentear”, Eduardo Araújo.

Porém, quando do meu nascimento, os médicos falaram que o cordão umbilical estava envolvendo meu pescoço, e, como nordestinos são muitos supersticiosos, disseram que, se minha mãe não me chamasse de Maria José ou Josefa, eu iria morrer “enforcada, afogada, um monte de ADA”. Minha mãe ficou atônita, mas, por medo, e por que no fundo também é supersticiosa, como toda nordestina, [o que eu no fundo também sou], resolveu me dar o nome de Maria José.

Ocorre que todo o mundo na minha família, mãe, pai, avós, tios, me chamavam de Sílvia, como minha mãe tinha desejado. Isso significa que, durante muito tempo, eu pensei realmente que tinha este nome. Porém, quando chegou a época de eu ir para a escola, a minha mãe me disse que o meu nome não era Sílvia e, sim, Maria José, pois eu vim com este nome. Lembro que na época eu pensei que eu tivesse vindo com uma tabuletinha com este nome escrito.

Por isto que muitos amigos meus, na verdade, quase todos, chamam-me de Sílvia, inclusive você, querida Ana Cláudia.

Minha infância foi um vai e vem sem fim, pois minha mãe queria ficar morando em Carpina/PE, e meu pai queria morar em São Paulo, mais especificamente na Baixada Santista, por causa dos empregos como carpinteiro ou pedreiro que ele sempre arrumava em obras que havia na região.

Acredito que, de quando nasci até 1981, eu viajei do Noderte para São Paulo umas 8 vezes. Morávamos um pouco em cada lugar e depois mudávamos de novo. Às vezes estávamos com a vida toda estruturada, com casa própria e tudo, mas minha mãe ficava com saudade dos pais dela, e lá íamos nós. Ou ao contrário, sentia necessidade de ficar mais perto de meu pai e lá vínhamos nós.

Em 1981, eu voltei a morar novamente em Carpina, Pernambuco. Foi uma época mágica da minha vida, época cheia de aventuras: “roubava” frutas nas “granjas”,  jogava bola num campo que eu e meus amigos limpamos e que passou a ser nosso, montava grupo para dançar quadrilha (com direito a ensaios, arraiá e inúmeras apresentações), “pulava” carnaval todo ano, na rua ou em clube, participava de feirinhas de ciência na escola, férias na praia, em Recife, e em Pontas de Pedra.

Quando eu tinha uns 11 para 12 anos, me apaixonei pela primeira vez. O nome dele era Ehrenry,  já tinha uns 17 anos e andava sempre num Fusca Amarelo todo produzido. Eu achava que se não o namorasse, não namoraria mais ninguém, mas como não rolava, em novembro de 1987, durante uma das muitas feirinhas de ciências de que eu participei, fui pedida oficialmente em namoro pelo Cleiton e, depois de pedir um dia para pensar, aceitei. Nosso, e meu primeiro beijo, foi embaixo de uma mangueira, no colégio que todos chamavam de “Estadual”. Não durou muito, mas foi bom. Depois dele, tive outros, nunca Ehrenry. Na verdade, tivemos um breve affair, mas nunca rolou beijo.

Foi durante esta época que eu decidi que um dia iria, custasse o que custasse, fazer faculdade. Eu nunca tive a menor dúvida, não sabia o que, sabia apenas que não seria Direito, pois meu primo Carlinhos era advogado e eu achava que tinha que estudar muito e que nunca conseguiria falar em público como ele.

Porém, tinha dúvidas se seria astronauta, cientista, técnica agrícola, engenheira florestal, porque sempre me preocupei com o meio ambiente.

Outra coisa que me marcou profundamente foi o início de minha identificação com o Partido dos Trabalhadores, em 1989, durante as eleições. Eu ainda não votava, mas um dia um amigo me entregou um monte de botons do LULA e me falou sobre ele. Desse dia em diante, comecei a fazer campanha, andava para cima e para baixo com os botons, bandeiras, adesivos, entreguei-me de corpo e alma à campanha, e, mesmo com a derrota nas eleições, minha paixão e entusiasmo pelo Partido e pelas pessoas que o formavam e formam só aumentava.

Minha mãe que sempre foi meio nômade, pois vivia se mudando de São Paulo para Pernambuco e de lá para cá, resolveu voltar a morar em São Paulo. Nossa, foi um baque. Minha irmã estava namorando, ficou desesperada, e eu, que adorava morar lá, fiquei em choque. Fizemos “greve” de fome, de silêncio, choramos, brigamos, lutamos, mas nos mudamos em janeiro de 1991.

Algum tempo depois que cheguei em São Paulo,  por intermédio de uma grande amiga, a Naninha, comecei a frequentar mais a igreja. Sempre ia, mas nunca com tanta intensidade.  Além de participar da missa, ia ao grupo de jovens, que era meio carismático, mas mesmo assim, era o início de uma reviravolta em minha vida.

Foi nesta época que eu conheci a pessoa que transformou o meu modo de ver e viver a igreja. Ela se chamava Irmã Maria Dolores, uma espanholinha adorável, forte, decidida, comprometida, que desde o início viu em mim um território fértil para mudanças e transformações, e foi o que aconteceu.

A Irmã Dolores era responsável pelo Crisma em minha comunidade, a Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Rio Branco, em São Vicente. E foi lá que eu conheci a Teologia da Libertação. Ela também viu alguma coisa em mim, pois sempre me convidava e a uma amiga chamada Adriana, a Naninha, para irmos a Encontros das CEB´S (Comunidades Eclesiais de Base). Minha vida mudou completamente a partir desse momento que eu conhecia verdadeiramente a Igreja e o Tipo de Igreja que eu amava. Foi aí que eu conheci Verdadeiramente o Cristo Jesus.  Foi aí que eu descobri sua Missão, seu Projeto de Reino de Deus encarnado na vida do Povo, principalmente dos mais empobrecidos da sociedade, foi aí, enfim, que fiz Minha Opção Preferencial pelos Pobres e Marginalizados da Sociedade.

Em 1993, fui chamada juntamente com o meu “grupo de Jovens”, a ir ao Salão da Comunidade da Capela de Santa Terezinha para um Encontro de Jovens. Foi lá que eu conheci e me apaixonei à primeira vista pela Pastoral da Juventude. Foi um amor intenso e graças a Deus plenamente correspondido, pois deste dia em diante e nos próximos 10 anos de minha vida, minha prioridade número 01 sempre foi a PJ. Dei amor, paixão, trabalhei, sonhei, chorei e lutei todos os dias para que a PJ chegasse a um número cada vez maior de jovens e que promovesse em suas vidas a REVOLUÇÃO que promovera na minha.

Na minha Diocese eram feitos, nesta época, os Jogos Diocesanos, e nós montamos um novo Grupo de Jovens para participar dos jogos de 1993. Por votação o nome do nosso grupo ficou CAÊ (Caminhando ao Encontro de Cristo). Nossa, ele era maravilhoso. Lá conheci jovens inesquecíveis, apesar de todos os seus problemas, tivemos grandes momentos de sonho, de luta, de briga, de soluções, de conquistas, de buscas, de carinho, de afeto, de amor e de um profundo encontro com Cristo e com os irmãos.

Por causa de meu trabalho à frente do Caê, fui convidada a representar a Região Continente (São Vicente Continente e Cubatão) na Coordenação Diocesana da Pastoral da Juventude. Não foi uma decisão muito fácil, até a hora da inscrição para a Assembléia Diocesana estava na dúvida. Mas uma pessoa que teve uma importância crucial na minha descoberta e enamoramento pela PJ, que se chama Marcos Medina, com suas sempre sábias palavras, me fez repensar e decidir aceitar participar da chamada Codijuv. Esta decisão, eu ainda não sabia, iria mudar minha vida mais uma vez.

Era o final de 1995 e, além de entrar na Coordenação Diocesana (Codijuv), eu também tinha passado no vestibular para direito na Universidade Católica de Santos. Bem, isto é outra história.

Em 1991, eu terminei o segundo grau e de prêmio ganhei uma viagem para Carpina/PE. Foram ótimos dias, apesar de bem atribulados, devido a um namoro. Bem, voltei em 1992 e passei a procurar emprego.  Nesta época as coisas estavam muito difíceis e só fui conseguir um em 1994. Fui trabalhar numa Padaria em Santos e trabalhava como uma louca, dei o melhor de mim, mas sofri bastante, pois tive chefes bem difíceis; entretanto quando sai de lá, 11 meses depois, ganhei grandes elogios de minha empregadora. Saí de lá para ir trabalhar em uma loja de peças para motos, mas não fiquei nem uma semana nesse emprego.

Então, peguei meu seguro desemprego e investi no meu grande sonho que era fazer uma faculdade.  Fiz cursinho e prestei no final do ano só na Católica de Santos, pois um grande amigo meu, Padre Lúcio Floro, tinha me prometido uma bolsa (desconto na mensalidade) lá, e eu sabia que não conseguiria fazer faculdade sem esta ajuda. Passei em 60º no curso noturno, naquela época o mais difícil de entrar da universidade, eram 12 pessoas por vaga. Padre Lúcio ficou muito doente e veio a falecer em 1996, assim a bolsa que ele tinha me prometido, eu consegui só anos depois ao trabalhar no Núcleo de Extensão Comunitária - NEC da Universidade, no Quarentenário, dando orientação Jurídica para a população de lá e aula de cidadania. Outra grande experiência, desafiadora mais muito recompensadora.

Então, imagina só, começar a faculdade e ao mesmo tempo entrar ainda mais de cabeça em meu trabalho pastoral, que loucura, e foi mesmo, mas também foi delicioso e mágico.

1998 foi um grande ano na minha vida, foi o ano em que eu conheci pessoas lindas e especiais. Logo no início do ano fui para a Assembléia do Regional Sul 1. Lá fui apresentada a você, querida Ana, ao Márcio Camacho, grande amigo e companheiro, e a tantos (as) outros (as).

Em julho aconteceu o Concílio de Jovens de Lins, foi um lindo momento para mim. Fiz Missão Jovem pela primeira vez na vida, na cidade de Avanhandava, uma das melhores experiências que tive. Foram dias inesquecíveis.

Em outubro, fui para o Chile para o Encontro Continental dos Jovens com o Papa. Ele não foi, mas mais de meio milhão de jovens de todo o continente americano se encontraram lá para vivenciarem sua fé, suas lutas, seus sonhos. Conheci gente de tudo que é canto e encanto, plantei árvore, cantei e conversei mesmo sem saber direito em outra língua, ganhei uma nova família, onde fiquei hospedada, um pai, uma mãe e três novos irmãos, foi demais.

Nesta época conheci um vereador do Partido dos Trabalhadores chamado Marcos Calvo, ele e sua assessora, Ana, me introduziram na vida partidária e legislativa, foi um período, de 1998 a 2000, de um aprendizado único e enriquecedor.

Em 1998 passei a representar a minha Diocese na Sub Região SP II e depois o Sub SP II na Coordenação Regional da Pastoral da Juventude do Estado de São Paulo. Além da responsabilidade natural que uma representação trás, esta ainda trazia todo o peso de substituir você, Ana Cláudia. Nunca me esquecerei do momento em que você me passou a “faixa” ou melhor a “camisa” com o  nome de todas as Dioceses de nosso Sub. Eu pensei “vou dar o melhor e mais um pouco de mim para não decepcioná-la e vou tentar continuar e, se Deus quiser, ampliar o trabalho no Sub”. Espero que tenha conseguido.

Devido a estas representações, conheci vários cantos de nosso lindo país. Fui a Encontros do Bloco Sul em Porto Alegre (onde tive uma experiência linda ao conhecer um acampamento de Sem Terra em Viamão) e em Chapecó/SC. Conheci a CAJU quando estive em um Encontro das Pastorais da Juventude em Goiânia.

Em 2000 e 2003 fui para o 7º e 8º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude do Brasil, respectivamente em Cuiabá/MT e Belém do Pará, onde mais uma vez fiz Missão Jovem e conheci lindas pessoas que, com suas histórias, seus sonhos, seus encantos me fizeram crescer e muito como pessoa, como pejtoteira e como cristã.

O ano 2000 trouxe acontecimentos que mais uma vez modificaram profundamente minha vida. Foi o meu último ano de faculdade, foi o ano de meu exame de Ordem, do meu TCC, do Provão, de eleições, de muito trabalho na PJ e eu, aos trancos e muitos barrancos, com muito trabalho, luta, lágrimas, riso e vitórias, consegui realizar tudo a que me propus. Formei-me com boas notas, tirei 10 no TCC, fiquei acima da média nacional no Provão, passei na OAB e trabalhei na campanha dos Companheiros Lula, Marta e todos os do Partido em Sampa. Além de visitar todas as Dioceses do meu Sub e de ter participado de reuniões quase todos os finais de semana. Ainda, só Deus sabe como, arrumei tempo de ir passar uma semana em Minas Gerais, quando conheci Belo Horizonte, Ouro Preto, Congonhas, São João Del Rey e minha linda e amada, com certeza a cidade mais bonita que eu já conheci, Tiradentes.

Em 2001 estava formada e desempregada. Não tinha dinheiro nem para pagar minha Carteirinha da OAB e quem sabe trabalhar como advogada. Foi nesta época que a força da amizade e da solidariedade chegou até mim de uma forma linda e transformadora. Primeiro a irmã Dolores me “emprestou” o dinheiro para eu tirar minha Carteirinha, depois fui convidada pelo meu primo Carlinhos, que é Juiz em Belo Horizonte e que, naquela época, dava aula em um cursinho, a ir morar com ele em BH e estudar durante seis meses no cursinho, ele me disse: onde come um comem dois. E lá fui eu.

Aproveitei bastante esta oportunidade: fazia cursinho de manhã e à tarde e à noite estudava. Ele pagou um concurso para mim na Justiça Federal de Minas Gerais e eu prestei para Técnico (nível médio) e para Analista (nível superior), passei para os dois cargos.

Em 2002, já de volta a São Vicente, fui trabalhar como advogada e continuei estudando, nesta época saiu um concurso para o Tribunal Regional Federal e, de novo, prestei e passei.

Entretanto, como não me chamavam, fui advogar. Só em 2004 fui chamada para trabalhar no TRF 3º. Fiquei lá até maio de 2006, quando percebi que a loucura de São Paulo e principalmente as pressões do lugar em que eu trabalhava estavam insuportáveis. Tomei posse, então, no cargo do concurso de Belo Horizonte.

Foi em 24 de setembro de 2004 que conheci meu grande amor pela internet, ele morava no interior do Paraná e eu na Capital Paulista. Nos encontramos no dia 16 de outubro em Maringá e nunca mais nos separamos. Foi amor à primeira vista. A distância não foi empecilho para o nosso namoro e conseguíamos, com muito esforço, nos ver pelo menos duas vezes por mês. Para comprovar de vez que ele era o homem da minha vida, quando o destino me mandou para Belo Horizonte, em maio, o que nos distanciava ainda mais, ele conseguiu em agosto um estágio na Embrapa de Sete Lagoas e também foi para lá. Noivamos no natal de 2005 e em 08 de dezembro de 2007 ele se tornou meu marido, com certeza o dia mais feliz da minha vida, até então.

Em julho de 2008, descobri que estava grávida, nossa, que felicidade sem fim. Minha gestação foi linda, tranqüila, cercada de muito amor e carinho. Cada descoberta, cada ultrassom, cada mexidinha era um momento único. Estava no quarto mês de gravidez, quando descobri que esperava um menininho, ou piá, como falam aqui no Paraná. Liguei e/ou mandei e-mail para todos os meus amigos, queria partilhar esta graça, esta alegria com o mundo inteiro. Eu me lembro que um dia estava na Capela do Centro de Formação da minha Diocese Santos, que se chama Cefas, e olhava para uma pintura de São Pedro no altar, pois Cefas significa Rocha em aramaico, e este era um dos nomes pelo qual era  chamado Pedro. Eu pensei “se um dia eu tiver um menino, o nome dele será Pedro”. E assim foi.  Pedro, meu anjo, meu amor, meu bebê, meu filhinho, fruto de nossa união e amor, nasceu com 3,660 k e como 48 cm no dia 16 de março de 2009, o dia mais feliz, mais pleno, mais amoroso da minha vida. Hoje ele está com 1 e cinco meses e a cada dia fica mais lindo, sapeca, inteligente, feliz, tagarela, brincalhão, enfim um verdadeiro príncipe.

Telma, uma história de fraternura



EU:
Sou Telma, Telma Cristina Luiz Gomes, nascida em 7 de setembro do ano de 1968, na cidade de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, Brasil, América do Sul. No momento, solteira. Moro sozinha, não tenho filhos. Trabalho desde a infância como empregada doméstica, e há 6 anos, também, como recepcionista na Arquidiocese de Ribeirão Preto, atendendo aos serviços pastorais, movimentos e serviços religiosos... Tenho formação Técnica em Edificações, mas atuo só como curiosa e orientando alguns amigos... rsrrsrs
Sempre fui uma pessoa tímida, perfeccionista e exigente comigo mesma. Adoro viajar, conhecer novos lugares e amigos... AMO A VIDA!

MINHA FAMILIA:
Filha mais velha entre 8 irmãos. Somos 5 mulheres e eram 3 homens. Tivemos uma infância difícil e conturbada, pois meus pais, infelizmente, pouco assumiram a função de fato. Muito cedo tive que trabalhar para ajudar no sustento de todos, mas, entre as tristezas, tivemos o sabor mágico da infância, como o natal, as brincadeiras populares... e o carinho dos familiares de minha mãe, que foram muito importantes na nossa criação e formação. Minha avó, quanta saudade... mulher de garra, foi lavradora, lavadeira, tinha só 2 anos de estudo, mas muita sabedoria... nos ofereceu o que podia de educação e caráter como pessoas e cidadãos... praticamente ela me criou a vida toda. Agradeço a Deus por ela ter me instruído na vida.
Meus irmãos e irmãs são casados, alguns pela segunda vez. Tenho mais ou menos 17 sobrinhos... rsrrsrs, é que alguns estão prestes a nascer e tenho um sobrinho neto.
E... cada um vive seus valores e dissabores, e o que mais me afetou foi a morte de meu irmão há quase 3 anos... de uma forma muito triste, resolveu nos deixar. Depois de tanta luta na vida, essa ele perdeu, como uma parte de nossos jovens a perdem, para as drogas...
Como herança de minha mãe, recebi o gosto pela leitura, meu pai me deixou o gosto pela arte de fotografar e viajar, apesar de ter convivido pouco com eles.

MINHA EDUCAÇÃO:
Apesar das dificuldades, todos frequentamos a escola desde a formação básica infantil; eu em particular, sempre fui boa aluna, chegando a ser premiada na formação básica e, como boa oradora, sempre era escolhida para declamar nas festas cívicas. Muitas professoras contribuíram muito para minha boa formação, mas infelizmente sofri discriminação por parte de uma delas, justamente por ser boa aluna, mas pobre e negra... Estava no quarto ano primário... Felizmente isso não me abateu. Apesar da pouca idade, já estava calejada e pronta a enfrentar as dificuldades da vida, que foram oportunidades para eu superar sozinha os problemas fora de casa. Completei com muita dificuldade boa parte de meus estudos, sempre trabalhando e enfrentando as responsabilidades familiares...
Não fiz ensino superior, mas quem sabe ainda há tempo... A escola me deu algumas amizades que me trazem saudades e outras com as quais convivo até hoje...

MINHA FÉ:
Bem, o primeiro contato de que me recordo com a igreja foi como daminha das alianças no casamento de minha tia e madrinha aos 7 anos de idade... Lembro-me de como foi longo o caminho até o altar...rsrrsrs, mas minha avó,  muito católica, sempre nos instruiu, levando-nos aos terços, nas festas religiosas, nas casas das famílias. Logo que iniciou a comunidade em nosso bairro, começamos a receber a catequese para a primeira eucaristia... Em seguida, me preparei para o crisma, minha mãe chegou a cantar nas celebrações, mas não perseverou.
Depois de um período afastada após o crisma, por insistência de minha avó e dos conselhos de um amigo de escola, comecei a freqüentar o grupo de jovens da já paróquia Santo Estevão Diácono. Engraçado é que este amigo que tanto me incentivou era evangélico praticante e atuante no grupo de jovens de sua comunidade. Iniciei minha caminhada no dia 13 de maio de 1984 e estou até hoje nesta estrada... não como antes, mas caminhando...
Na paróquia além do grupo de jovens, me dediquei à liturgia, à pastoral da comunicação, à catequese e a alguns outros serviços...

MINHA CAMINHADA:
Participando do grupo de jovens, fui conhecendo melhor a comunidade, não só a da igreja, como a do bairro também... Fiz formação vocacional, mas nunca vivi uma experiência, minha avó desaprovava totalmente, afinal, como filha mais velha, tinha responsabilidade com  meus irmãos... Mas através desta formação, conheci melhor o objetivo do grupo de jovens da comunidade ligado à Pastoral da Juventude e a outros serviços da nossa Igreja...
E tenho certeza de que fiz uma opção vocacional pela Pastoral da Juventude; por ela me dediquei por anos, tanto na comunidade paroquial, como nas outras instâncias da Igreja.
Na coordenação do grupo da comunidade junto à Pastoral da Juventude, atuei também no conselho de bairro, grêmio estudantil e partido político, participei de uma forma tímida e discreta, mas tenho a certeza de que deixei minha parcela como cidadã nestes espaços... ainda hoje acompanho algumas coisas. 
Com a PJ, conheci muitos lugares e pessoas, atuei e participei em encontros, assembléias, seminários; locais, regionais, nacionais e até internacionais... fui coordenadora de grupo, diocesana, representante no regional, assessora em várias instâncias... fiz e tenho até hoje grandes amigos desta caminhada em todo o Brasil, graças a Deus... alguns já se encontram na casa do Pai, pessoas especiais das quais me recordo com emoção...
Entre tantos amigos e amigas, tenho a alegria de ter a Ana Claúdia... não sei ao certo quando nos conhecemos, mas vivemos e partilhamos grandes momentos em nossa caminhada... quantos encontros, assembleias e outras atividades organizamos na casa de seus pais??? Na verdade era a base da PJ...rsrrsrs Se fosse um panfleto, lá tinha; e um agasalho da PJ personalizado, também...rsrsrs, não só da diocese de Osasco, mas da sub região, do regional, nacional e por que não internacional também...rsrsrsrs...Quem nunca comeu ou dormiu por lá??? Como resistir à acolhida dos familiares dela???? Muitas saudades do vozinho...
Mas a Ana sempre foi uma pessoa ímpar. Agora imaginem duas perfeccionistas à frente das atividades?
Quem podia com a gente? Rsrsrrsrs, mas no final dava tudo certo, e juntas superamos muitos desafios, críticas e decepções que aumentavam ainda mais o desejo de realizar algo melhor em favor de nossa juventude... Os momentos de descontração ficavam por conta dos sarais na madrugada. Após batalhar o dia todo, reservávamos um momento para recitar poesias regadas a vinho... e as famosas palmas tibetanas... vamos lá, ANA, lembra??? Nossa, é história para um livro... foram e são muito importantes na minha vida estes períodos...


MEUS AMIGOS:
A maioria se confunde com minha caminhada pastoral. Lógico que tenho outros fora e muito importantes em minha vida também... mas todos muito especiais...

MEUS AMORES:
Meus amores??? São meus amigos... falando sério!!! Além da Ana, aqui, não quero citar nomes, mas eles sabem quem são eles... cada um tem seu lugar em meu coração e sabem como prezo cada um e cada uma, os que estão perto a todo momento e aqueles que não vejo há anos.
Agora... paixões... rsrsrrs. Há algumas eternas, algumas passageiras. Parafraseando Vinicius de Moraes: todas foram e outras serão eternas, enquanto duraram e durarem... rsrrsrs. Hoje vivo um momento único e especial...

E EU?
“EU SOU AQUELA MULHER QUE FEZ A ESCALADA DA VIDA, REMOVENDO PEDRAS E PLANTANDO FLORES”.

Ana, é neste verso de Cora Coralina que eu me defino, obrigada pela oportunidade de riscar estas poucas linhas sobre minha vida, beijos com toda e muita fraternura!!!

Sueli, uma história de cunhada

Ana Cláudia, nos conhecemos há vinte anos, quando comecei a namorar o seu irmão. Nessa época você trabalhava e fazia faculdade, sempre muito ocupada, mas muito simpática. Porém, ainda, não tínhamos muito contato. Logo meu namoro com seu irmão ficou sério, então marcamos a data do casamento, e você foi fundamental nos preparativos da decoração da festa, na cerimônia, já que, nessa época, você era muito envolvida nos trabalhos da igreja. As lembrancinhas do casamento foram preparadas com tanto capricho e toda a família se empenhou para que tudo saísse perfeito. Então, eu não poderia ter tido uma festa melhor, pois cada detalhe da festa foi feito com muito amor. Assim, a criatividade é uma das suas principais características, e sempre te vi disposta a ajudar as pessoas. E, como diz o ditado popular, “uma mão lava a outra”, chegou, então, a minha vez de ajudar: perdi a conta do número de romarias a que fui para ajudar a vender suas camisetas da pastoral da Juventude; até em barraca de cachorro quente trabalhamos. São lembranças muito boas que guardo de uma jovem inteligente, comunicativa, criativa, lutadora e empreendedora. Juro que pensei que você se casaria com um pejoteiro, mas nós temos uma visão, e DEUS tem outra totalmente diferente, porque nossos planos são falhos, mas os dele são perfeitos. Então ele preparou o Ralf para você. Hoje você é uma mulher lutadora, pois fez escolhas maravilhosas que é formar a sua família, mas também imagino que, no início, não tenha sido nada fácil se adaptar a um país diferente, com cultura e língua totalmente desconhecidas, mas isso é para os vencedores, que sabem que a vitória exige luta. Cláudia, que nessa nova etapa da sua vida, DEUS possa conceder todos os desejos do seu coração. Mas se ele não te der aquilo que quer não se entristeça, porque você pode ter certeza de que ele te dará tudo de que você precisa.
Desejo-te tudo de mais precioso que é saúde, amor, paz, prosperidade e uma família linda cheia de harmonia e muitos alemãezinhos.
Sinta-se abraçada pela sua cunhada Sueli,

Beijos

sábado, 18 de setembro de 2010

Marcia, uma história de realização


Ana, que coisa difícil escrever, você sabe que eu gosto é de falar. Vamos lá, pensei tanto em como colocar no papel um pouco da nossa história, daquele tempo utópico e que hoje parece tão distante, incrível como nem me lembro quais eram meus sonhos, tanta coisa aconteceu, revi conceitos e valores, amadureci, conheci a felicidade e realização plena de uma mulher com a maternidade e também a mais profunda e intensa dor com a perda dela.

Esses eventos definitivamente marcaram a minha existência, minhas metas e objetivos. Me reestruturar, seguir em frente foi um processo penoso, mas como tudo tem seu tempo, as coisas aos poucos foram voltando ao normal, ficaram a saudade e as cicatrizes, mas elas não doem mais.

Nasci numa família com valores religiosos, princípios rigidos, mas coerentes e justos. Estudei até o colegial em escolas públicas, sempre fui caxias, queria ser professora e mudar a história de muitas crianças. Sempre vi a educação como passaporte para uma vida melhor e continuo achando isso. Fiz magistério, cheia de ilusões, acreditando na transformação. Não sonhava em ser rica, ter grandes responsabilidades, poder ou prestígio, queria uma vida estável, um trabalho digno e que me trouxesse satisfação pessoal. Prestei concurso público e passei, quer mais estabilidade do que isso? Fui trabalhar e veio a decepção com a profissão, com os colegas amargos e descompromissados. Fiquei cheia de dúvidas, decidi mudar de área de atuação e foi aí que minha vida encostou na sua: estávamos no mesmo curso universitário.

Dizem que os opostos se atraem, mas não é verdade, o que aproxima as pessoas são as semelhanças, as afinidades. Tínhamos muito em comum; quase a mesma idade, experiências de vida parecidas, estrutura familiar semelhante, éramos românticas e idealistas, defensoras dos pobres e oprimidos, humanistas e muito ingênuas em relação a tudo. Lembra como ficávamos envergonhadas com os comentários dos garotos? Tínhamos aquele jeito de quem não estava levando o curso muito a sério, fazíamos a nossa parte, um tanto em cima da hora, mas sempre saía. Pensando bem não éramos estudantes exemplares. Mas uma coisa era certa para mim, você e a Dri eram minhas âncoras naquele curso. Eu conversava com todos, mas não havia amizade, eram só colegas de classe. O legal da nossa amizade era a leveza da relação, os sentimentos de afeto, amizade e lealdade fortes, sem cobranças, ciúmes ou conflitos. Queríamos o melhor uma para a outra, era um sentimento de apoio e segurança.Quando comecei a namorar , o que eu mais queria era que você e a Dri também encontrassem uns sujeitos legais e que formássemos aquele grupo de casais "amigos para sempre". As coisas não aconteceram naquele tempo, mas a seu tempo. Hoje estamos casadas com sujeitos legais e mesmo distantes geograficamente, sei que somos amigas, não precisamos da presença física, sabemos que quando for preciso poderemos contar uma com a outra (você não imagina como me preocupei com você quando tentou entrar em contato e eu não conseguia saber o que estava acontecendo). Ana, não sei o que a vida nos reserva, mas tenha certeza do meu carinho e amizade por você, quero que realize seus sonhos e projetos de vida, que seu casamento seja abençoado, minha amiga desejo que consiga encontrar nas pequenas coisas cotidianas alegria e paz e ser feliz.

Ana, economize nos pequenos problemas pra sobrar energia para os grandes, coloque a raiva pra secar (no outro dia o motivo poderá não ser tão importante como parecia antes) porque as dificuldades sempre vem , ninguém passa pela vida sem altos e baixos. Tomara que os seus "entas" sejam os melhores e mais felizes dias da sua vida.


Milhões de beijos, com muito carinho, Marcia .




sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Irmã Lúcia, uma história de esperança



Um pouco de minha vida e do convívio com essa linda menina, Ana Claudia.

Quando cheguei em São Paulo, em 2003, para atuar no meio da juventude, logo visitei a Região Belém e, para minha surpresa, as Pastorais de lá não tinham nenhuma cara. O bispo, então, disponibilizou dois salários mínimos para eu coordenar a Região. Um dos fortes do meu trabalho foi a Pastoral da Juventude, que, de fato, era a mais abandonada na Região e também no Estado de São Paulo. Como, em pouco tempo, entrei para a equipe de coordenação do jovens,  nessas idas e vindas, dei de cara com a Ana Claudia, menina viva, esperta e cheia de sonhos. Me chamava muito a atenção quando eu a percebia dormindo em pé, mas sem deixar de participar dos eventos significativos do Estado e também em nível Nacional. Lá pude conhecê-la muito bem, sobretudo por sua sensibilidade, educação, maturidade, ou seja, via ali uma moça de qualidade, exemplo de seguidora de um Cristo vivo real e sem nenhuma vedação nos olhos, e isto sempre me impressionava na menina esperta e sonhadora. Claro que sua relação comigo sempre foi muito boa, até porque ela me ajudou na integração juvenil e abriu portas para eu conhecer e amar tanto esta árdua missão. Fiquei sabendo, assim que cheguei, que toda a atuação dela era gratuita, o que me indignava por saber de sua realidade: bastante luta e a venda de camisetas para a juventude como meio de sobreviver e manter seu trabalho na pastoral. Mulher de garra e lutadora.
Com você, Ana Claudia, aprendi a ser mais mulher, mais consagrada e mais disponível para essa missão. Aprendi, e muito, contigo. O seu cansaço sempre me  despertava a vontade de mais luta. Também me admirava de sua simplicidade ao dormir no chão, ao comer comida fria, que, às vezes, nem tinha e, assim mesmo, você sempre de cara boa e disposta a ser Luz e Sal para a juventude da qual você também fazia parte, por ser jovem e menina. Dessa forma, todas as lembranças que guardo é de muita esperança, luta, disponibilidade e doação à Igreja de Jesus Cristo. Sempre me chamou muita atenção o fato de você nunca se dirigir às religiosas com indelicadezas; ao contrário, sempre disposta a ajudar e a fazer com que as pessoas que chegassem a São Paulo se integrassem na vida da cidade e da Igreja. Todo mundo aqui no Brasil conhece Ana Claudia e imagino que isso provocava ciúmes em muita gente. Pois o seu dinamismo e atenção às pessoas sempre falaram muito alto. Viajamos muitas vezes juntas, e você sempre nos ajudava em tudo. A alegria fazia parte de todos os encontros e momentos de reuniões. Pressa você nunca tinha. Hora de voltar para casa não a preocupava. Reuniões praticamente todos os dias, e a cara sempre alegre e rindo. Estas são as imagens que guardo de você, do período de 6 anos em que convivemos e trabalhamos na mesma área, de alegrias e muitos desafios, sem nunca lhe ver de cara feia ou desanimada. Até que um dia fui transferida para Belo Horizonte e você foi embora para a Alemanha. Fiquei sabendo do seu casamento com grande alegria, pois sempre pensei, esta menina merece um maridão, pois é uma jóia de pessoa. E parece que isto vem acontecendo na minha percepção. Bem, até gostaria de escrever-lhe mais, porém confesso que pelas minhas atividades é o que posso oferecer, por ora, com alegria. Foi e é uma bênção na minha vida conhecer uma jovem bela e responsável como você e, como característica, quero salientar o Amor a Jesus Ressuscitado e à Juventude. Por isto termino dizendo: Se a Juventude viesse a faltar, o rosto de Deus iria mudar...
Mil beijos da Ir. Maria Lúcia Aráujo da Silva Religiosa do sagrado Coração de Maria.

Camila, uma história de vida



Sou alguém que se encanta com o Belo e o Bom! Em primeiro lugar a Vida e a Justiça!

Resolvi aplicar os talentos que Deus me deu na Biologia e no acompanhamento de jovens...Ajudo a Pastoral da Juventude, Crisma e Liturgia da comunidade...

Devota de Nossa Senhora de Guadalupe, protetora da saúde e dos povos latino americanos...

Não sou uma poetisa, mas me atrevo a traduzir em palavras o que me brota no coração...

Procuro Deus em todos os cantos... em todos os corações... e encontrei pessoas maravilhosas que dão sua Vida pela causa da juventude!!!

Uma dessas pessoas que encontrei pelas romarias da vida foi uma moça porreta que para mim sempre foi da turma da PJ de São Paulo... Ana Claudia encantava a todos com sua disposição e seu céu sempre azul!!! Não havia tempo ruim para a moça!!!

Acredito que foi uma das primeiras pessoas que começou a fazer o "marketing" da Pastoral da Juventude!!!

Todo encontro, romaria, assembléia... lá estava a Ana Claudia com sua tenda montada fazendo o símbolo da PJ criar força na lembrança e no coração da juventude pejoteira!!!

E aquele monte de sacolas pra cima e pra baixo... Fulano pega aqui!!! Ciclano leva isso... era muito divertido!!!

Divertido mesmo foi quando eu estava lendo um livro da Carmem Lucia (Acólito da Juventude - ministério da Assessoria), e em um dado momento da dissertação, apareceu uma lista de nomes de pessoas que a autora destacava por sua dedicação à causa da juventude... Me veio ao coração uma divertida alegria, provavelmente pela lembraça que aquilo me provocou, ao ver que ali estava, acertivamente, o nome da Ana Claudia, resumindo o trabalho de evangelização da juventude da região de São Paulo!!!

Sem dúvida, o exemplo da Aninha marcou diversas gerações da Pastoral da Juventude!!!

E as pegadas que essa moça deixou nesta estrada vêm sendo seguidas por tantos outros jovens que continuam escrevendo as páginas desta história... do livro da vida!!!



Parabéns por essa História/Vida bonita que você carrega no peito!!!



Votos sinceros de uma seguidora!!!





Camilinha

Ilza, uma história de opção


O meu nome é Ilza Mönch, tenho 44 anos e sou casada com um alemão.

Eu venho de uma família simples, mas muito amada. Tenho 4 irmãs e me dou bem com todas.

Eu nasci na Bahia, na cidade de Eunápolis, perto de Porto Seguro. Quando eu tinha 15 anos, eu fiquei noiva, mas quando faltavam 3 meses para me casar, eu terminei o noivado, não era aquilo que eu queria. Continuei estudando e quando eu tinha 17 anos, conheci novamente um rapaz e este também queria se casar comigo; mais uma vez, eu não aceitei. Eu me achava muito nova para o casamento, eu queria só um namorado !!! rsrsrs.

Mas em cidade pequena é assim, a maioria das meninas se casam cedo, as minhas irmãs também se casaram cedo, mas comigo era diferente, eu tinha outros planos para a minha vida.

Antes dos 20 anos, quando eu concluí o segundo grau, eu falei para os meus pais que eu ia morar em São Paulo e, por incrível que pareça, eles me apoiaram. Eles sempre falaram que eu era uma menina diferente das minhas outras irmãs e disseram para mim que se eu tinha um sonho de morar em uma cidade grande, não seria eles que iriam impedir. Eu fiquei muito feliz porque eles me apoiaram.

São Paulo foi uma cidade maravilhosa para mim, eu morei em São Paulo por 15 anos e adotei essa cidade como a minha segunda casa.

Em São Paulo eu tive alguns namorados, mais nenhum teve muita importância.

Entretanto, eu acredito no destino: quando eu tinha 30 anos, um belo dia uma grande amiga minha foi em um show de mulatas e lá ela conheceu e paquerou um rapaz alemão que estava com outro amigo alemão e combinaram para saírem para jantar no dia seguinte. Quando terminaram o jantar, ela me ligou e perguntou se podia passar na minha casa. Eu morava com duas amigas e nem uma das duas estava. Como ela me falou que passaria dentro de meia hora, eu dei uma arrumada rapidamente na casa e corri para tomar banho. O problema é que, antes de terminar o banho, ela já estava tocando a campainha. Saí de toalha e dei a chave para ela pela janela, para ela abrir a porta. Vesti rapidamente uma roupa qualquer e vim falar com eles. Só que nessa mesma noite eu tinha combinado com mais três amigas para sairmos para uma balada.

Eu perguntei aos três se eles gostariam de sair para dançar comigo e as minhas amigas. Minha amiga e o paquera dela alemão falaram que não iam, e o outro alemão levantou o braço e aceitou o convite e saímos para dançar.

A partir dessa noite, eu e o alemão começamos a namorar, e o mais engraçado foi que a minha amiga e o paquera dela alemão só saíram nessa noite, não deu certo entre eles. Eu acho que ela conheceu e paquerou esse cara alemão só para eu conhecer o amigo dele.

Nós namoramos um ano e ele voltou para a Alemanha, mas continuamos nos correspondendo e, dois meses depois, ele me ligou e falou que estava voltando para morar e trabalhar no Brasil com um contrato de cinco anos.

Eu fiquei muito feliz e ele me perguntou que se o trabalho não desse certo no Brasil, se eu iria morar com ele na Alemanha, e eu respondi que sim.

Moramos juntos por 3 anos e depois decidimos nos casar. Quando o contrato dele venceu no Brasil, ele foi transferido para a França e moramos lá por mais três anos.

Depois viemos morar na Alemanha, onde eu já estou há seis anos. Gosto muito de morar aqui, mas eu quero deixar claro que quando a gente ama não existe barreira.

Eu e o meu marido nos amamos muito e somos muito felizes.

Infelizmente não temos filhos. Antes dos 40 anos eu era louca para adotar um filho, mas infelizmente o meu marido nunca estava de acordo em adotar uma criança. Ele sempre falou que éramos felizes porque havia somente eu e ele, mas para uma mulher não é a mesma coisa, eu queria muito ser mãe e o fato de não poder ter um filho foi muito difícil para mim. Eu chorei, sofri muito, mas um belo dia, sem mais nem menos, eu perdi a vontade de adotar uma criança, eu pensei comigo mesma: se eu não posso ter um filho e atraí para mim um homem que não quer adotar uma criança é porque não era para eu ser mãe nessa encarnação. Graças a Deus hoje eu sou uma pessoa forte e posso falar sobre esse assunto de adoção sem chorar e sem sofrer. Foi Deus que fez esse milagre na minha vida.

Conhecer a Ana e falar da Ana é um grande privilégio para mim, pois é uma pessoa maravilhosa, dona de um coração imenso e sensível, gosta de viver a vida e ama a todos os que estão ao seu lado. Ana, agradeço a Deus por ele ter colocado você no meu caminho.

Ana Claudia, somos amigas pelo destino, mas a considero irmã por opção.

Conte sempre comigo. Da sua amiga de hoje, de amanhã e de sempre.



Com muito carinho. Ilza Mönch.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Thaís, uma história de igualdades


Meu nome é Thaís Helena da Silva Freitas. Nasci em Santo André, no mesmo dia do aniversário da Ana Cláudia, dia vinte de setembro, mas um pouquinho depois, pois o meu ano de nascimento é mil novecentos e setenta e quatro. Nasci num hospital público chamado Pró Mater. Foram três dias de internação para a minha mãe, e um parto fórceps para mim, com oito meses de vida uterina. Quando nasci, eu não tinha berço e dormia em duas cadeiras postas uma de frente para a outra. Sou filha de uma trabalhadora rural que se tornou empregada doméstica e depois costureira e de um Office boy, que se tornou técnico em óptica e depois dono de óptica. Aprendi muito cedo a ouvir música boa e de qualidade e a amar as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm ou não têm. Sou batizada católica e me tornei católica na adolescência, quando resolvi que deveria ser crismada. Esse evento aconteceu sete dias depois que eu encontrei o homem da minha vida, meu marido, há dez anos, num encontro da Pastoral da Juventude. Foi nesse encontro que o meu caminho, o do meu marido, o da Ana Cláudia e o dos melhores amigos que a vida poderia me dar, se cruzaram. Abracei a Pastoral da Juventude, o Márcio, meu marido, e a vida que decidimos viver pela causa de um novo céu, uma nova terra. É verdade que fui apresentada à Pastoral da Juventude já em 1989, num grupo de base, numa CEB – Comunidade Eclesial de Base. Vivi essa experiência muito cedo e por pouco tempo nessa ocasião. Foi de fato em mil novecentos e noventa e nove, já com quase vinte e cinco anos completos, que abracei com toda a minha vida a causa da libertação dos pobres.
Fui muito feliz nessa escolha, exceto pelo meu eterno dilema em querer ser médica... Essa página eu virei da minha vida, pois não era possível conciliar esse sonho com tantos outros que eu trazia comigo. Abandonei um sonho, abracei outros e vivi pesadelos também, tal como foi o episódio da minha depressão em dois mil e seis, quando a minha filhinha tinha apenas sete meses de idade. Ninguém poderia dizer ao certo de onde veio aquele quadro. O fato é que eu sofri, fui medicada, fiz o tratamento e aqui estou. Diferente agora depois disso. Os médicos dizem que são necessários dois anos de tratamento medicamentoso para espantar esse quadro de depressão, eu digo que precisarei da vida inteira ainda.
Meu pai morreu muito cedo. Ele tinha apenas quarenta e nove anos. Ele morreu vítima de um tumor cerebral até hoje fora de possibilidades de tratamento. Ele não conheceu meu marido, não viu o meu casamento e nem sabe o quanto a minha filha, a Maria Luiza, é adorável. Aprendi muito com ele. A maior herança é a música, a arte, a busca pelo conhecimento. Ele não viajou de avião, mas sonhava com isso. É muito triste ver alguém ir embora tão cedo e com tantos sonhos ainda.
A morte do meu pai me fez ver que a vida é agora. Que temos que simplesmente ser tudo o que podemos ser agora. Não há amanhã ou ontem. Temos o agora e isso deveria nos bastar para sonhar coisas boas e relembrar e aprender com o que passou. Nada mais que isso.
Acho que ninguém em casa se recuperou dessa perda.
Acho que não precisamos nos recuperar dela também. Ela existe e pronto. Vivamos.
Minha mãe é adorável e irritante. Ela tem o coração maior que o mundo, mas grande também parece ser a dor que ela traz nesse coração. A vida dela não foi fácil e não é fácil ainda. Eu queria jogar purpurina nos dias dela, mas essa tarefa não parece possível. Talvez ela varresse a purpurina toda, sei lá. Foi muito pobre desde sempre. Foi trabalhadora rural desde os seis anos. Veio para Santo André com a família, emigrando de Poços de Caldas, em Minas Gerais, aos quatorze anos. Em Santo André trabalhou de empregada doméstica até conseguir um emprego como costureira na região da José Paulino, onde trabalhou até se casar com o meu pai, em mil novecentos e setenta e três, no dia vinte e dois de dezembro.
Dela herdei o amor à culinária, à costura, ao artesanato, à casa cheia de gente e um profundo senso de solidariedade. Muitas vezes acompanhei minha mãe em visitas às famílias que eram ainda mais pobres que nós. Há sempre um idoso amparado por ela. Há sempre uma criança precisando de ajuda e recebendo dela. Há sempre uma família sendo protegida e ajudada por ela. Minha mãe é capaz de sair de madrugada para levar um vizinho ou até o animal de estimação do vizinho ao médico. Não tem fim a sua dedicação ao próximo!
Tenho dois irmãos. A minha irmã, a Tânia, é dois anos e meio mais nova que eu. Ela é a minha mãe escritinha. Do mesmo jeitinho, com exceção da costura – isso ficou só para mim. Meu irmão, o João Luiz, sete anos mais novo, é igualzinho ao meu pai. Toca violão e ama música tanto quanto ele. É objetivo e confuso ao mesmo tempo.
Eu sou um pouco da minha mãe, um pouco do meu pai, um pouco dos meus irmãos, da minha filha, do meu marido, dos meus amigos. Reinvento-me sempre. Gosto de aprender. Gosto de bons exemplos e entre tantos destaco a Ana Cláudia.
Com ela aprendi que é possível ousar e acreditar nas coisas com a inocência das crianças. Ela sempre criou mega eventos para a Pastoral da Juventude e envolveu a todos nessas “emboscadas”. Até a sua família estava sempre envolvida em tudo.
Não havia quem não conhecesse a Ana Cláudia na Pastoral da Juventude e as suas incríveis camisetas e bugigangas da PJ! Ela chamava isso de epidemia e fomos todos contagiados! O casamento dela foi um evento da Pastoral da Juventude! Foi lindo, emocionante, um conto de fadas! Todos os sobrinhos da Ana participaram da celebração em traje de gala. Meu marido fotografou todos eles! O Ralf não continha a felicidade. E ele precisava estar muito feliz mesmo, pois em lugar nenhum do mundo encontraria alguém como a Ana Cláudia, capaz de transformar tudo e todos ao seu redor sempre que acreditasse no que faria.
Ela acreditou na Pastoral da Juventude, nos amigos que fez, entre os quais me incluo. Acreditou que o amor entre um homem e uma mulher poderiam transpor o oceanos, os continentes, os costumes, os idiomas distintos e foi viver a sua história de amor!
Ela aprendeu a amar em português e a declamar esse amor em alemão. Falamo-nos muito pouco nos últimos anos, uma pena. Não tivemos a oportunidade de comemorarmos o nosso aniversário numa festa nossa, e olha que estivemos muito próximas por quase dez anos! Uma pena também. Agora a Ana completará quarenta anos e eu acendo uma das velas do bolo com um pouco de mim para ela.
Ana, não estou aí agora, mas estamos juntas sempre, pois tenho você comigo como a amiga querida que a vida me deu. Canto desde já um animado parabéns a você e espero que nessa data querida toda a felicidade do mundo se coloque a sua disposição numa bandeja.
Thaís Helena da Silva Freitas – trinta e cinco anos de vida – casada com o Márcio há quase dez – mãe da Maria Luiza há quase cinco!

Santilia, uma história de histórias

                                     


40 anos de Ana Claudia

Pensei que seria fácil falar de uma pessoa de quem gosto tanto, mas me intimidei em colocar no papel meus sentimentos, porque sabia que a saudade de tantos momentos viria à tona. Chamo-me Santilia, moro em São Paulo, tenho 41 anos de idade, sou professora da Rede Estadual de Ensino, solteira. Voltando para os meus 20 anos, foi nessa época que conheci a Claudinha, tempos bons aqueles... Eu participava do grupo de Jovens São João Batista e ela da Comunidade Nossa Senhora das Graças. Interessante que eu e a Clau vivemos tantos momentos juntas, que não consigo me lembrar ao certo em que época me deparei com ela. Mas me lembro muito bem de que certo dia estávamos conversando, e ela, aquela garotinha de fita branca no cabelo e saia comprida, com seus 17 ou 18 anos, disse que queria trabalhar. Nessa conversa, falei para ela que trabalhava numa Transportadora chamada Ser Ideal Transportes, eu era auxiliar de cobrança. A Claudinha falou que queria trabalhar para custear os estudos, então falei que estavam admitindo funcionários na transportadora e que a indicaria para a vaga. Resultado, a Clau passou a ser minha companheira de trabalho e, mais tarde, de cursinho e de tantos outros momentos que vivemos juntas.  Foram momentos de muita alegria: viajamos para o Estado do Espírito Santo, fomos para Vitória num Congresso da Igreja Católica; fomos para o Pontal do Paranapanema, com a Pastoral dos Sem-Terra, viagem muito cansativa, mas que valeu todo o esforço por uma boa causa, como disse Fernando Pessoa “Tudo vale a Pena se a alma não é pequena!”
Houve uma época em que saíamos para dançar. A Clau fez dança de salão com o pessoal da USP, assim, quando tinha baile, ela sempre me chamava, apesar de não saber dançar, eu ia!!  Ah, não posso deixar de contar que muitas vezes eu e a Clau íamos ao cinema, geralmente aos domingos. Engraçado é que, na maioria das vezes, eu assistia ao filme sozinha. Ela sempre dormia. Depois eu dava muita risada porque ela dizia que sabia tudo sobre o filme!!!
O tempo foi passando, a Clau se tornou uma mulher que admiro demais, porque sempre foi muito inteligente, determinada, otimista, dedicada, amiga... são tantos adjetivos que não cabem nestas linhas. Quero dizer que mesmo distante, Clau, você faz muita falta! Deve saber o quanto nossa amizade é valiosa. Tenho orgulho de ser sua amiga, desejo de todo meu coração que seus 40 anos sejam abençoados com muita saúde, paz, alegria, amor! Que daqui a 40 anos, possamos escrever mais um pouco de nossas histórias.

Beijos
San

Clécia, uma história de resistência


Sou Clécia da Silva Florêncio, tenho 35 anos, nasci em Caruaru, PE, sou filha adotiva. Quando nasci, meus pais biológicos queriam me deixar no hospital e um dos tios paternos quis me adotar com sua esposa. Como essa história é um pouco confusa, vou tentar resumi-la. Meu pai adotivo era casado com uma sobrinha dele que, por coincidência, é minha meia irmã. Supondo que não poderiam ter filhos, principalmente por causa do parentesco, quiseram me adotar. Logo depois disso, ela engravidou do meu irmão, que é meu primo e sobrinho também. Após três anos de casados, minha mãe adotiva nos abandonou. Ficamos, então, com meu pai e minha avó - falecida em dezembro de 2007. Nossa infância, apesar de um pouco traumática, foi boa. O pai e a vó sempre zelaram por nós. Sei que sempre demonstrei uma revolta maior, mas esta nunca foi por eu ter sido adotada, esse fato, aliás, nunca me causou frustração.

Meu pai (João) nunca foi um homem de expressar carinho, porém o que me faz ser apaixonada por ele é o fato de ele ter sido sempre um guerreiro, sempre trabalhou duro para não faltar o essencial, trabalhava à noite, pagava aluguel e ainda tentava estudar, pois, desde os cinco anos de idade, trabalhava na roça. Além disso, perdeu o pai muito cedo, e o pai dele tinha tido outra família que não ajudava ninguém. Quando meu avô morreu, seus filhos da outra família tomaram tudo da minha avó e dos meus tios. Meu pai, às vezes, fala que o único irmão que de vez em quando o ajudava era o meu pai biológico, o que me deixa um pouco confortada. Meu pai adotivo diz que muito me pareço com ele quando tento ajudar as pessoas. Eu diria que me pareço com meu pai adotivo, pois toda a minha militância pautei na figura dele: ele era operário e metido com sindicato e comissão de fábrica e, apesar de não ficar muito em casa, aquilo, não sei por que, não me deixava com raiva, pelo contrário. Ele dizia que queria que meu irmão fosse político, que política era negócio pra homem e, como sempre fui apaixonada por ele, me encantava com as coisas de que ele falava, das greves, do direito que as pessoas tinham que ter de fazer suas próprias escolhas, dos piquetes que impediam os pelegos de trabalhar. Achava tudo muito legal e divertido. É claro que eu não tinha noção do perigo que era, mas aquilo me marcou e encantou profundamente a ponto de sonhar com o dia em que seria uma operária, mas é evidente que nunca realizei esse sonho. Fiz vários testes e não passei em nenhum rsrsrsrsrs. Aos treze anos trabalhei na feira; depois, dos 14 aos 19, trabalhei em uma loja, onde era explorada. Fazia tudo, da faxina às compras em São Paulo, além de tomar conta do dinheiro. Vida dura, pois trabalhava de domingo a domingo. Chegava em casa, lavava minha roupa para depois ir à igreja onde, também, desde os treze anos, participava de um grupo de jovens, o june (jovens unidos na esperança). Foi ali que comecei a trilhar meu caminho na igreja católica. Hoje sei que aquele grupo era da renovação carismática e não tinha nada a ver com a Pastoral da Juventude, com o movimento pelo qual sou apaixonada até hoje. Conheci a PJ através do Zé Antônio, outra presença muito marcante na minha vida, uma pessoa que sempre foi extremamente apaixonada pela luta, pela cidadania e pela PJ, movimento que ele revolucionou na nossa paróquia, cidade e diocese. Afirmo isso, porque antes dele o que fazíamos era adoração a Maria e ao Santíssimo e algumas reuniões a cada três meses. Nunca nos misturávamos com os outros jovens, pois éramos da favela e considerávamos os jovens da matriz uns metidos esnobes e elitizados, pelo menos quase todas as comunidades achavam isso.

Mas a partir do Zé Antônio, tudo mudou para melhor. Ele conseguia agregar toda a juventude; conseguiu revolucionar as atividades, conquistando mais e mais pessoas. Claro que eu não posso deixar de citar outro amigão, o Paulinho. Tive a sorte de conviver na PJ com os dois sem queimar nenhuma etapa de participação nas instâncias pjoteiras. Fui aprendendo pouco a pouco o que é participação popular, cidadania, luta por direitos humanos e políticas públicas para a juventude, uma luta constante. Conheci também o Edson que foi por mais de 14 anos parte da minha vida, caminhando lado a lado comigo na PJ, no PT e na vida, pois namoramos e casamos. O casamento não deu certo, mas aprendi com ele o segredo de uma verdadeira cumplicidade e amizade. Hoje estamos bem afastados, mas não me esqueço de sua ternura e dedicação.

Eu nunca fui uma pessoa ligada à família, sempre fui muito dedicada às pessoas, ao próximo. Nunca tive privacidade nem para namorar, mas também nunca reclamei, afinal de contas eu fiz essa escolha e posso dizer que nunca, em momento algum, me arrependi por isso, de me colocar a serviço do outro. Pelo contrário, acho que ainda fiz pouco.

Atualmente estou afastada das minhas atividades porque em 2008 tive um tumor de 16 cm na medula. Fui operada e depois de um diagnóstico desfavorável, depois de fazer fisioterapia, andando lentamente para não depender muito dos outros, depois de ter sido cuidada por amigos que nem acreditamos que temos, ganhei a certeza de que Deus retribuiu em dobro o que fiz a outras pessoas.

Como apontei acima, muita gente marcante passou pela minha vida: toda a minha família que, mesmo sem muito da minha atenção, nunca me recriminou por eu ser assim, pelo contrário, sempre aceitou; meus amigos muito fofos, o Zé Antônio, o Paulinho, referências para a eternidade, e, nessa caminhada, conheci também a Ana Claudia, essa, sim, amiga também para todas as horas de agonia, angústia, partilha. Porque ter amigo homem tem algumas desvantagens, por exemplo não dá para fazer nenhuma fofoquinha rsrsrrsrsrs. Não quero dizer com isso que a Ana seja fofoqueira, heim? Quero dizer que com ela dá para falar de intimidade, de meninos, das coisas pastorais entre outras. Duas coisas me marcaram muito: sempre achei a Ana uma pessoa espetacular, inteligente, pra cima, divertida e achava que ela devia ser metida a rica, depois de tantas graduações, mas não, ela era e é muito humilde. Nos tornamos grandes amigas e ela até dormiu na minha casa. Para mim isso era o máximo, não pelo status que ela representava, mas pelo fato de ser tão humilde. Um outro fato que marcou muito minha vida foi o encontro nacional da PJ na Bahia. Lá nós brigamos feio por pontos de vista diferentes sobre a Romaria da juventude. Nós, da diocese de Santo André, sempre fomos muito metidos, sempre donos da razão e como não poderia ser diferente, discuti feio com a Ana. Foi uma discussão feia e, ao mesmo tempo, inútil. Mas é claro que a amizade sempre foi maior, fizemos as pazes e nos tornamos, por um período, amigas inseparáveis. É uma pena que esteja tão longe, porque a Ana é uma amiga que deixa a vida das pessoas mais iluminada, tem sempre uma resposta otimista, uma frase de consolo e sempre vê a necessidade alheia. É sempre os outros na frente dela; se der, ela resolve os problemas dela depois, o próximo é sempre prioridade.