Mulheres da Minha Vida

Criei este blog, como complemento da comemoração dos meus 40 anos, que acontece este ano no dia 20 de setembro, aqui pretendo colocar os depoimentos de pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida de maneira especial. Desde o fim de 2009, venho me empenhando para reunir os depoimentos de 40 mulheres para colocar num livro e agora que os tenho, quero partilhá-los com outras pessoas também.

Talvez muitos dos meus amigos perguntem, assim como meus irmãos já me perguntaram, mas por que não os homens também?? A resposta é simples, estou num momento muito especial de minha vida. E a vida me foi dada por uma mulher, claro que com a contribuição de um homem, mas a minha mãe teve um papel fundamental neste processo e quero valorizar a mulher.

Sou mulher, negra e feliz por ter a oportunidade de ter chegado até aqui!

Tenho certeza que depois da criação do blog, outras me escreverão. E estes terão um registro aqui.

E talvez seja um incentivo para aquelas que não escreveram, ainda me encaminharem algo. O material ainda não está pronto e acabado, contribuam com fotos e outros meios criativos.

Mas seja rápida, pois senão vai ficar de fora da comemoração!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ilza, uma história de opção


O meu nome é Ilza Mönch, tenho 44 anos e sou casada com um alemão.

Eu venho de uma família simples, mas muito amada. Tenho 4 irmãs e me dou bem com todas.

Eu nasci na Bahia, na cidade de Eunápolis, perto de Porto Seguro. Quando eu tinha 15 anos, eu fiquei noiva, mas quando faltavam 3 meses para me casar, eu terminei o noivado, não era aquilo que eu queria. Continuei estudando e quando eu tinha 17 anos, conheci novamente um rapaz e este também queria se casar comigo; mais uma vez, eu não aceitei. Eu me achava muito nova para o casamento, eu queria só um namorado !!! rsrsrs.

Mas em cidade pequena é assim, a maioria das meninas se casam cedo, as minhas irmãs também se casaram cedo, mas comigo era diferente, eu tinha outros planos para a minha vida.

Antes dos 20 anos, quando eu concluí o segundo grau, eu falei para os meus pais que eu ia morar em São Paulo e, por incrível que pareça, eles me apoiaram. Eles sempre falaram que eu era uma menina diferente das minhas outras irmãs e disseram para mim que se eu tinha um sonho de morar em uma cidade grande, não seria eles que iriam impedir. Eu fiquei muito feliz porque eles me apoiaram.

São Paulo foi uma cidade maravilhosa para mim, eu morei em São Paulo por 15 anos e adotei essa cidade como a minha segunda casa.

Em São Paulo eu tive alguns namorados, mais nenhum teve muita importância.

Entretanto, eu acredito no destino: quando eu tinha 30 anos, um belo dia uma grande amiga minha foi em um show de mulatas e lá ela conheceu e paquerou um rapaz alemão que estava com outro amigo alemão e combinaram para saírem para jantar no dia seguinte. Quando terminaram o jantar, ela me ligou e perguntou se podia passar na minha casa. Eu morava com duas amigas e nem uma das duas estava. Como ela me falou que passaria dentro de meia hora, eu dei uma arrumada rapidamente na casa e corri para tomar banho. O problema é que, antes de terminar o banho, ela já estava tocando a campainha. Saí de toalha e dei a chave para ela pela janela, para ela abrir a porta. Vesti rapidamente uma roupa qualquer e vim falar com eles. Só que nessa mesma noite eu tinha combinado com mais três amigas para sairmos para uma balada.

Eu perguntei aos três se eles gostariam de sair para dançar comigo e as minhas amigas. Minha amiga e o paquera dela alemão falaram que não iam, e o outro alemão levantou o braço e aceitou o convite e saímos para dançar.

A partir dessa noite, eu e o alemão começamos a namorar, e o mais engraçado foi que a minha amiga e o paquera dela alemão só saíram nessa noite, não deu certo entre eles. Eu acho que ela conheceu e paquerou esse cara alemão só para eu conhecer o amigo dele.

Nós namoramos um ano e ele voltou para a Alemanha, mas continuamos nos correspondendo e, dois meses depois, ele me ligou e falou que estava voltando para morar e trabalhar no Brasil com um contrato de cinco anos.

Eu fiquei muito feliz e ele me perguntou que se o trabalho não desse certo no Brasil, se eu iria morar com ele na Alemanha, e eu respondi que sim.

Moramos juntos por 3 anos e depois decidimos nos casar. Quando o contrato dele venceu no Brasil, ele foi transferido para a França e moramos lá por mais três anos.

Depois viemos morar na Alemanha, onde eu já estou há seis anos. Gosto muito de morar aqui, mas eu quero deixar claro que quando a gente ama não existe barreira.

Eu e o meu marido nos amamos muito e somos muito felizes.

Infelizmente não temos filhos. Antes dos 40 anos eu era louca para adotar um filho, mas infelizmente o meu marido nunca estava de acordo em adotar uma criança. Ele sempre falou que éramos felizes porque havia somente eu e ele, mas para uma mulher não é a mesma coisa, eu queria muito ser mãe e o fato de não poder ter um filho foi muito difícil para mim. Eu chorei, sofri muito, mas um belo dia, sem mais nem menos, eu perdi a vontade de adotar uma criança, eu pensei comigo mesma: se eu não posso ter um filho e atraí para mim um homem que não quer adotar uma criança é porque não era para eu ser mãe nessa encarnação. Graças a Deus hoje eu sou uma pessoa forte e posso falar sobre esse assunto de adoção sem chorar e sem sofrer. Foi Deus que fez esse milagre na minha vida.

Conhecer a Ana e falar da Ana é um grande privilégio para mim, pois é uma pessoa maravilhosa, dona de um coração imenso e sensível, gosta de viver a vida e ama a todos os que estão ao seu lado. Ana, agradeço a Deus por ele ter colocado você no meu caminho.

Ana Claudia, somos amigas pelo destino, mas a considero irmã por opção.

Conte sempre comigo. Da sua amiga de hoje, de amanhã e de sempre.



Com muito carinho. Ilza Mönch.

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