Mulheres da Minha Vida

Criei este blog, como complemento da comemoração dos meus 40 anos, que acontece este ano no dia 20 de setembro, aqui pretendo colocar os depoimentos de pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida de maneira especial. Desde o fim de 2009, venho me empenhando para reunir os depoimentos de 40 mulheres para colocar num livro e agora que os tenho, quero partilhá-los com outras pessoas também.

Talvez muitos dos meus amigos perguntem, assim como meus irmãos já me perguntaram, mas por que não os homens também?? A resposta é simples, estou num momento muito especial de minha vida. E a vida me foi dada por uma mulher, claro que com a contribuição de um homem, mas a minha mãe teve um papel fundamental neste processo e quero valorizar a mulher.

Sou mulher, negra e feliz por ter a oportunidade de ter chegado até aqui!

Tenho certeza que depois da criação do blog, outras me escreverão. E estes terão um registro aqui.

E talvez seja um incentivo para aquelas que não escreveram, ainda me encaminharem algo. O material ainda não está pronto e acabado, contribuam com fotos e outros meios criativos.

Mas seja rápida, pois senão vai ficar de fora da comemoração!

domingo, 19 de setembro de 2010

Elaine, uma história de direitos

Ana Cláudia,
Sabe, você nem mesmo deve se lembrar, mas me recordo de você desde a sétima série. Sempre fui estudiosa, mas você era a pessoa mais aplicada de que eu me lembro e não gostava de ajudas para tirar nota, além de sempre brigar por suas metas.
Para falar a verdade, naquela época eu era um pouco chata e insegura, tentava estar junto daquelas pessoas que, ao meu ver, eram importantes na escola. Acabamos nos distanciando, mas Graças a Deus, essa época passou e eu te reencontrei quando fomos trabalhar na Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo. Quero dizer que reencontrei, sim, pois, apesar de morarmos próximas, não tínhamos muito contato e quero deixar registrado que os anos que trabalhamos juntas foram muito importantes para mim.
Ana, você tem luz própria e ilumina aqueles que estão ao seu lado. O "Bira" diz que você é a pessoa mais inteligente e gentil que ele já conheceu, e eu reitero suas palavras; sabe, porque aquele que sabe não tem medo de ensinar, e você sempre dividiu seus conhecimentos com as pessoas ao seu lado. Vamos a um pouco de recordação.
Entramos na Ouvidoria  em oito de agosto do ano de mil novecentos e noventa e sete. Para dizer a verdade, não sabíamos o que seria. Caímos de pára-quedas no local, totalmente diferente daquilo que conhecíamos em termos de trabalho. Convivemos, então, diariamente por mais de três anos. Conhecemos pessoas maravilhosas, como a Débora que continua com muitos “alfes”, a Marcinha que agora é delegada de polícia no Estado do Maranhão, entre outros. Dividimos tristezas e alegrias. Foi lá que apreendemos muito sobre como as pessoas podem ser cruéis com o seu semelhante e como os “Órgãos de Direitos Humanos” nem sempre são humanos com aqueles que lhes prestam serviço. Lembra quando tivemos de nos esconder embaixo das mesas, pois um policial armado queria falar com o “Ouvidor”; ou quando o “cantor Daniel” foi até a Secretaria, o alvoroço das policiais; ou quando o lutador “Maguila” esteve no local para reclamar que havia apanhado de um policial. Você se lembra do mau humor do nosso Ouvidor, que só falava bom dia na parte da tarde? E do Dr. Maximiano, que tinha mania de arrumação? E do Coronel Bento, que chegava todas as manhãs suado depois de correr com um shorts que mais parecia biquíni? Da Rose, que sempre tinha um sorriso no rosto? Da Néia, que reclamava de tudo? (obs: ela casou com o Rodrigo e hoje trabalha na Cavalaria da PM). Ainda há o Bira, com seu vocabulário baiano (sangue de quiche, sangue de coam, entre outras palavras esquisitas), a Débora, com seus muitos namorados, a Maria Isabel de Oliveira Panaro com o seu “bem”, a Márcia Santos com todas as suas manias, a Elô, com sua educação, a Romana, que sempre estava cansada. São muitas histórias. Nossas viagens nos trem da CPTM ficaram na história. Enquanto eu conversava com quem estivesse do lado, você muitas vezes dormia em pé.
Não tenho o seu dom de escrever, acho que sou melhor falando do que colocando no papel tudo aquilo que vivemos naquele período. Não sei o formato de seu livro, mas de antemão, sei que será um sucesso. Se você quiser que eu complemente qualquer história sobre a Ouvidoria, é só pedir.
Ana, um grande beijo e desculpa o atraso, pois essa sou eu, sempre adiando.

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