Adriana, uma história de paixão

Meu nome é Adriana de Carvalho e moro na Alemanha há mais de 2 anos.
Sou comissária de voo, mas aqui na Alemanha estou desempregada, atuando apenas como dona-de-casa e não tenho filhos. Saí do meu trabalho para acompanhar meu marido, que é alemão. Isso porque com o término do contrato dele no Brasil, após cinco anos, contrariado, foi obrigado a voltar para a Alemanha. Estamos juntos há 9 anos.
Mesmo com todas as dificuldades que o Brasil oferece, consegui entrar no mercado de trabalho na área da aviação, que sempre foi muito concorrida.
Atualmente muitas coisas mudaram, mas antigamente o trabalho na aviação era cheio de glamour e sonho de muitas pessoas, talvez até porque poucas conseguiam.
Sempre tive paixão por essa área e consegui meu primeiro trabalho como "aeromoça" aos 23 anos. Quando saí da primeira companhia aérea em que trabalhei, atuei também na área do turismo, na qual sou formada, por mais de cinco anos,e depois voltei a voar. Afinal de contas paixão é paixão.
Conheci a Ana Claudia há aproximadamente 1 ano e meio, de forma muito casual, numa festa junina aqui na cidade de Ulm, onde moro atualmente. Trocamos telefone para manter contato e acabamos nos tornando boas amigas.
Quanto mais eu conheço a Ana, mais eu descubro as coisas que temos em comum.
Temos muitas afinidades. Apesar de morarmos relativamente próximas em São Paulo, fomos nos encontrar somente aqui, nesta pequena cidade, no sul da Alemanha.
Eu penso que Deus prepara o encontro de pessoas para o momento certo e tenho certeza de que o Universo contribuiu para que a nossa amizade tivesse início aqui, vivendo as mesmas dificuldades de estar em terra estrangeira.
Assim como a Ana Claudia, eu sempre lutei muito para conquistar minhas coisas na vida, também tive que trabalhar para custear o meu estudo, pois vinda de família simples de quatro irmãos, não poderia esperar que meu pai, além de sustentar a casa, oferecendo tudo o que podia, tivesse condições de financiar a formação acadêmica de todos os filhos.
Acredito que muitos brasileiros tenham histórias como estas.
Ana Cláudia e eu ainda temos em comum a chegada à Alemanha, sem falar o idioma, os diversos choques culturais, além da dificuldade natural de estar longe da família e dos amigos. O início, aliás, é muito dificil, pois não conhecemos ninguém e não temos idéia de como tudo funciona num país tão diferente do nosso.
A começar pelo clima extremanente frio, as roupas, ninguém pelas ruas, portas e janelas sempre fechadas, até mesmo de bares e restaurantes, claro, a comida e os habitos alimentares, mas o mais difícil: a mentalidade e a forma de comportamento das pessoas.
Talvez seja a influência dos longos dias cinzentos e frios que predominam por aqui, mas a maioria dos seus habitantes (eu digo maioria, não todos!) está sempre de cara fechada, parecendo carrancas, como se não tivessem aprendido como é fácil e mais leve sorrir. Isto para um brasileiro é muito dificil, pois temos uma alegria natural de viver, e por aqui eles desconhecem isso.
É claro que existem muitas coisas positivas também, a qualidade de vida é boa, podemos sair a pé ou de carro e não ficamos apreensivos pensando que podemos ser assaltados a qualquer momento, comparando com São Paulo, por exemplo.
Mas por causa da diferença de mentalidade e comportamento, é dificil fazer amigos por aqui. É impossivel uma vida sem amigos (acredito eu), portanto fiquei muito feliz ao conhecer a Ana. Encontrá-la foi uma das melhores coisas que poderia acontecer para mim aqui na Alemanha, e hoje tê-la como grande amiga ameniza muito a falta que tenho em estar em companhia das minhas irmãs em São Paulo. É muito importante para mim ter alguém com quem dividir minhas aflições, inseguranças, medos, mas também alegrias e pequenas vitórias.
É claro que eu divido tudo isso com o meu marido também, que é meu grande parceiro, amor da minha vida, mas é diferente a conversa entre amigas!
Agradeço a Deus por ter colocado a Aninha em minha vida, embora tenha a sensação de que nos conhecemos já há muito tempo, além do sentimento de amizade duradoura, a ideia de ter alguém com quem eu posso contar e em quem eu possa confiar num lugar em que estou tão longe dos meus. Através da Ana, fiz amizade com outras brasileiras também, e assim formamos uma pequena família longe de nossas casas.
Ana, que Deus te abençõe e ilumine sempre, e muito obrigada pela sua amizade!


Com carinho


Adriana

Adriana e Roland

Maira, eu e Adriana (Munique)

Ralf, eu e Adriana (Turquia)

Eu, Ana Aparecida e Adriana (Ulm)